
Alguns pontos abordados ao longo da Estratégia de Segurança Nacional (NSS, em inglês) se dedicam ao exame e reafirmação de que China e Rússia ameaçam diretamente a segurança e a prosperidade dos EUA. Ainda, o NSS reforça a importância da aliança com países parceiros de forma a conter o avanço dessas duas potências.
No caso russo, em que pesem as suspeitas do envolvimento de Moscou no impulso à então candidatura Trump (suspeitas negadas pelo relatório apresentado pelo procurador especial Robert Mueller em março), há evidente relação periódica de aproximação e distanciamento com Washington. Não apenas neste governo, mas também nas administrações anteriores.
Faço esta introdução para, aí sim, contextualizar a mudança da política externa brasileira não somente após a ascensão de Bolsonaro, mas também logo na sequência da tomada de poder pelo grupo político comandado por Michel Temer.
Sob o ponto de vista internacional, o governo Temer marcou um processo de transição - processo este que foi, de certa forma, involuntariamente iniciado por Dilma. A ex-presidente certamente se dedicou aos assuntos externos menos que Lula, a liderança brasileira que obteve resultados mais expressivos neste campo. Ao mesmo tempo, o segundo mandato da ex-presidente foi encurtado de forma dramática pelos acontecimentos já conhecidos e também analisados por aqui
Numa espécie de gradação não combinada, é possível perceber dois polos (Lula e Bolsonaro) de atuação cujas decisões foram "transportadas" - alterando-se o eixo internacional brasileiro de um lado a outro - por meio de dois presidentes intermediários (Dilma e Temer).
Assim, no próximo texto, aprofundarei o exame que marca as muitas diferenças entre a política externa de Lula e Bolsonaro (como escrevi, os lados opostos das decisões internacionais brasileiras neste século) para além do lugar comum.
Mas importante dizer que, muito possivelmente, para além das questões "filosófico"-religiosas hoje instaladas pela no Palácio do Itamaraty (foto), o NSS, documento divulgado pelo governo Trump de 2017 sobre o qual tratei neste texto, pode ter influência teórica sobre os rumos práticos das decisões que pouco a pouco começam a ser tomadas por Brasília.