
O comunicado emitido por Trump interrompe mais uma crise entre o presidente e o vizinho do sul.
Se um acordo não fosse alcançado, o presidente norte-americano prometia impor tarifas entre 5% e 25% sobre produtos exportados do México aos EUA.
No entanto, o acordo anunciado por Trump não inclui a medida considerada ideal pela liderança norte-americana.
Em Washington, havia expectativa de que os mexicanos se comprometessem a determinar um terceiro país "seguro". Ou seja, numa eventualidade de um cidadão de qualquer país que chegasse aos EUA cruzando a fronteira com o México este seria deportado ao México e não aguardaria a investigação ou processo em território norte-americano. O acordo não inclui a adoção desta política.
As críticas neste momento se fixam na maneira como Trump aborda essas crises internacionais. Como escrevi por aqui no caso iraniano - mas em sentido contrário no embate com os mexicanos - há uma espécie de modo de atuação já previsto: como primeiro passo, declarações acaloradas - normalmente por meio do Twitter; na sequência, ameaças; e, por fim, arrefecimento.
O ponto é que não há por ora uma forma mais clara para evidenciar se as soluções encontradas de fato alteram a realidade com elementos de avaliação explícitos. No caso desta situação com os mexicanos, fica a percepção de que o acordo nada mais é do que a simples reafirmação de processos e decisões já existentes.
Ambos os governos - de México e EUA - declaram que a administração mexicana concordou com o envio de seis mil soldados da Guarda Nacional para a fronteira com a Guatemala de forma a impedir que mais imigrantes cheguem até os EUA. Mas a verdade é que a Guarda Nacional acaba de ser aprovada pelo Congresso do país. A força ainda não foi testada.
Ao mesmo tempo, o New York Times ouviu uma pessoa próxima às negociações, que confirmou a tese de que o acordo atual nada mais é do que a continuidade de conversas entre autoridades dos dois países em curso desde dezembro de 2018.
Portanto, se este quadro representar a realidade, não apenas o acordo, mas a própria crise de momento entre México e EUA não são nada além de retórica.